O mecanismo de Anticítera é o computador analógico mais antigo conhecido. Foi projetado possivelmente por um grupo de cientistas gregos cujas técnicas foram aprimoradas pelo próprio Arquimedes – 2 séculos antes – sua finalidade era calcular posições astronômicas. Foi descoberto em 1901 na ilha grega de Antikythera, entre Kythera e Creta, foi datado em cerca de 100 AEC.
O que é um computador analógico?
O computador analógico é uma forma de computador que usa fenômenos elétricos, mecânicos ou hidráulicos para modelar o problema a ser resolvido. Genericamente um computador analógico usa um tipo de grandeza física para representar o comportamento de outro sistema físico ou função matemática. A modelagem de um sistema físico real num computador é chamada de simulação.
Computadores analógicos são normalmente projetados para uma finalidade específica, como acontece em circuitos eletrônicos que implementam sistemas de controle, ou em instrumentos de medição. Os resultados da computação analógica são utilizados dentro do próprio sistema. Existem também computadores analógicos flexíveis, que podem ser facilmente configurados para resolver problemas determinados. A maioria dos computadores analógicos possui uma série de elementos que podem de ser reagrupados para resolver sistemas de equações diferenciais. Podem simular sistemas descritos por equações matemáticas complexas.
O termo analógico se refere ao fato das grandezas físicas contínuas dentro do computador poderem representar diretamente uma grandeza também contínua em um sistema físico real. No caso do computador Grego de Anticítera, sua função era calcular com precisão as fases da lua, posição dos 5 planetas, a chegada dos equinócios e solstícios detectados na época e outras combinações desses elementos. Em contraposição, num computador digital todas as grandezas são de estados elementares e de tempo discreto (dentro de limites pré-estabelecidos), e a representação de variáveis de sistemas físicos seria, portanto, menos direta do que em computadores analógicos.
Computadores analógicos também podem verdadeiramente emular o funcionamento de um sistema físico, fazendo um mapeamento biunívoco entre todas as variáveis do sistema e todas as variáveis operadas pelo computador.
A engenhosidade do computador Grego de 2100 anos
O mecanismo de Anticítera incorporaria a razão astronômica de 254/19, o que é uma aproximação excelente do valor real, irracional, com erro aproximado de apenas uma parte em 86.000. Várias explicações podem ser imaginadas para que os gregos antigos tenham chegado a tal valor, a mais coerente sugere que ao observar e mesmo compilar tabelas astronômicas eles possam ter percebido o ciclo de 19 anos de equinócios, solstícios e fases da Lua. Dezenove anos equivalem a aproximadamente 235 ciclos de fases da Lua, que por sua vez equivalem a 235 + 19 = 254 revoluções da Lua em relação às estrelas, sendo a adição derivada do fato de que há uma revolução a mais por ano enquanto a Lua gira conosco ao redor do Sol.
Aplicar a razão de 254/19 com engrenagens não é tarefa fácil, e aqui entra o notável aspecto tecnológico do mecanismo. Com engrenagens simples de eixo fixo, por mais complexos os arranjos que possamos definir, ficamos limitados a multiplicações e divisões de números. Para efetuar adição ou subtração em nosso pequeno computador mecânico, precisamos de um enorme avanço tecnológico: a engrenagem diferencial.
O uso moderno mais cotidiano da engrenagem diferencial é nos automóveis, permitindo que as rodas de cada lado do carro girem a velocidades diferentes, com uma distribuição proporcional da tração do eixo. Um diferencial é, basicamente, uma engrenagem de eixo móvel capaz de girar livremente entre duas outras. O movimento do eixo móvel é equivalente à metade do movimento somado das duas engrenagens em questão. Esta engrenagem diferencial teria sido inventada pelo inglês James Starley, em 1877. É notável como os gregos antigos já tinham essa tecnologia há 2100 anos. Para aqueles que ainda estão na dúvida sobre a tecnologia dos gregos da época, basta dar uma olha no livro: Os elementos – Euclides.
Fontes: Ceticismo Aberto Bule Voador Wikipédia